O PIB do Brasil e seus desafios

C6 Bank: Enfim o tão esperado corte de juros

Com a queda (generosa) da Selic em 0,5 ponto percentual na semana passada, a atenção se volta agora para o ritmo no qual a taxa básica de juros brasileira vai ser reduzida à frente.

O sinal dado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) é o de que cortes da mesma magnitude estão por vir. O que isso significa para a economia do país e especialmente para a inflação?

Brasil

A dose de queda da Selic

Depois de três anos, os juros voltaram a cair no Brasil. O corte de 0,5 p.p na Selic levou a taxa básica de juros brasileira de 13,75% para 13,25% ao ano.

Gráfico em linha mostra a trajetória da taxa Selic desde junho de 2020 até janeiro de 2025, com projeções do C6 Bank a partir de agosto de 2023

Foi uma decisão surpreendente por duas razões. A primeira é que a maior parte dos analistas de mercado contava com um corte de 0,25 p.p. A expectativa não era por acaso: a ata da última decisão do Copom citava um “processo parcimonioso de inflexão (corte dos juros) na próxima reunião”. A palavra “parcimonioso” sugeria um corte mais modesto, de 0,25 p.p.

O segundo ponto inesperado foi a falta de unanimidade na decisão do Copom. Quatro diretores votaram pela redução de 0,25 p.p. na Selic, enquanto outros cinco membros defenderam um corte de 0,5 p.p.
Essa divisão entre os diretores do BC não é comum – em geral, o Comitê tenta chegar a um consenso em suas reuniões.

No grupo que formou a maioria estavam os dois novos diretores indicados para a autoridade monetária pelo atual governo – Gabriel Galípolo e Ailton Aquino. Na época em que os dois foram indicados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o objetivo das nomeações era dar maior pluralidade para as decisões de juros.

Uma vez que o governo tem sido vocal pela redução da Selic, analistas acreditavam que Galípolo e Aquino integrariam o grupo a favor de uma queda mais rápida da Selic. A defesa dos novos integrantes por um corte de 0,5 p.p. confirmou as expectativas.

O que chamou a atenção foi o fato de que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, votou com o grupo que defendeu uma queda maior da Selic. O presidente da autarquia foi o “fiel da balança” na reunião da semana passada. Caso Campos Neto tivesse optado pelo corte de 0,25 p.p. (o que parecia ser mais consistente com os últimos discursos do chefe do BC), a maioria estaria formada para essa decisão.

Próximos passos

No comunicado, os membros do Copom sinalizaram que, apesar das diferentes opiniões na decisão da semana passada, há um consenso sobre os próximos passos da política monetária. O Comitê afirmou que “em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”.

O recado de que os cortes serão “de mesma magnitude” busca conter as expectativas de uma queda mais acelerada da Selic nas próximas decisões do Copom.

Por ora, ajustamos nossas projeções com base na sinalização da autoridade monetária. Acreditamos que a Selic terminará 2023 em 11,75% – nossa estimativa anterior era de que os juros ficariam em 12% no final deste ano. Já para 2024, nossa projeção caiu de 9,5% para 9,25%.

E o que a queda dos juros significará para a economia do Brasil?

Os cortes da Selic devem levar tempo para surtir efeito, mas a mudança de rumo da política monetária traz benefícios para o país.
Com juros em queda, empresas e famílias têm um custo menor para obter crédito, o que impulsiona a atividade econômica. O governo também deve ganhar uma “folga” nas contas públicas. A cada corte de 1 p.p. na Selic, a dívida líquida pública cai cerca de R$ 43 bilhões por ano.
Vale lembrar que o elevado endividamento do governo brasileiro é um problema de longa data. Ainda que não seja o remédio ideal para essa questão, a queda da Selic ameniza o crescimento da dívida pública.

Entenda: “A nova regra fiscal e a situação da dívida brasileira”

Embora os cortes de juros tenham efeitos positivos para a economia, acreditamos que a condução da política monetária ainda requer bastante prudência. Os núcleos da inflação estão elevados e as expectativas de inflação seguem desancoradas. Segundo projeções do Boletim Focus, o IPCA deve encerrar 2023, 2024, 2025 e 2026 acima das metas de inflação.

Por fim, a inflação de serviços deve continuar a ser um ponto de atenção. Com o desemprego abaixo da média histórica, os salários tendem a exercer pressão sobre os preços do setor. A inflação de serviços acumula alta de 5,6% em 12 meses.

Mesmo que o BC tenha sinalizado uma postura mais cautelosa e gradual, consideramos relevante o risco de o Brasil conviver com uma inflação elevada por bastante tempo.

“O grande desafio do Banco Central vai ser controlar a inflação de serviços”

Mundo

Reino Unido: Sem cortes de juros à vista

Na semana passada, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidiu subir os juros em 0,25 ponto percentual. A taxa básica do Reino Unido escalou para 5,25% ao ano e continua no maior nível desde 2008.
O aperto monetário segue na região, mas o ritmo de alta dos juros voltou a diminuir. Na última reunião, em junho, o BoE havia aumentado a taxa em 0,5 p.p.
A razão para uma alta mais modesta foi a desaceleração da inflação. No Reino Unido, os índices de preços acumulam alta de 7,9% nos 12 meses até junho. Ainda é uma inflação elevada, mas o dado foi inferior aos 8,7% registrados em maio.

A expectativa do Banco da Inglaterra é que a inflação recue para a casa dos 5% até o final do ano, em razão da queda dos preços de energia. Por outro lado, o BoE acredita que o mercado de trabalho aquecido continuará a exercer pressão sobre os salários e sobre a inflação.

Em razão dos riscos ainda presentes, a autoridade monetária britânica afirmou que os juros devem permanecer elevados por um longo período para garantir que a inflação caminhará para a meta de 2%, no médio prazo.

Nos EUA, faltam trabalhadores

Os dados do payroll (o relatório de emprego dos Estados Unidos) mostraram que a criação de vagas em território americano está desacelerando lentamente.

Foram gerados 187 mil postos de trabalho em julho, nos EUA – quase o mesmo desempenho de junho, quando 185 mil vagas foram criadas. Apesar de a geração de empregos ter desacelerado nos últimos meses, os dados de julho seguem acima da média de 2019 (antes da pandemia de covid-19), quando a criação de vagas mensal foi de 163 mil.

Na nossa visão, o menor volume de contratações está relacionado à baixa disponibilidade de trabalhadores. A taxa de desemprego americana recuou para 3,5% e segue próxima do menor patamar em 40 anos. Ou seja, há poucas pessoas procurando por emprego, o que afeta a ocupação de postos de trabalho.

O rendimento por hora trabalhada subiu 4,4% nos 12 meses até julho, o que indica que os salários americanos continuarão pressionando a inflação.

Dessa forma, o mercado de trabalho continuará a ser foco de atenção para o Federal Reserve (o banco central dos EUA) na tarefa de controlar o avanço dos preços. Acreditamos que o Fed elevará os juros mais uma vez até o final de 2023, levando a taxa básica para o intervalo de 5,5% a 5,75%.

Não esperamos cortes de juros nos EUA antes de meados de 2024.

Tome nota

52,7 – Foi o Índice de Gerentes de Compras (ISM) de serviços dos EUA, em julho. O dado sugere uma expansão moderada do setor
46,4 – Foi o ISM de manufaturas americano, em julho. Apesar de uma ligeira melhora, o número ainda indica contração do segmento
0,1% – Foi o crescimento da indústria brasileira em junho, segundo a Pesquisa Industrial Mensal. A expansão foi impulsionada pela indústria extrativa

fonte: C6 Bank

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